quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O perigo do carvão ativado, a nova vedete das dietas detox


Diferente do carvão comum, aquele usado para fazer churrascos, o carvão ativado é conhecido há muito tempo por salvar vidas em caso de intoxicações. Vendido em cápsulas, ele tem o poder de “sequestrar” o agente tóxico e eliminá-lo pelas fezes, fazendo com que o corpo não absorva a substância perigosa. A novidade é que adeptos da dieta detox resolveram usá-lo com o propósito de desintoxicar o organismo.

A ideia pode parecer verossímil, mas não é verdade e pode ser muito perigosa. Segundo o nutrólogo Roberto Navarro, além de não haver estudos que provem qualquer eficácia do produto para o sucesso da dieta, o carvão ativado pode impedir a absorção de compostos importantes para o corpo, como as vitaminas e os minerais, e até impedir a ação de medicamentos. Ou seja, em vez de ajudar o fígado a mandar as toxinas embora, a pessoa está se desnutrindo e impedindo que remédios recomendados atuem no organismo.

Mesmo nos casos de intoxicação, é preciso usar com moderação, explica a nutricionista Cristiana Almeida Hanashiro, da Beneficência Portuguesa. Em doses elevadas, o carvão ativado também pode causar vômitos e desidratação. “As fezes podem ficar pretas, provocar diarreia ou intestino muito preso, e, em casos menos comuns, inchaço ou dor no estômago”, explica Cristiana.

Pelo fato de o carvão ativado ser poroso, ele tem capacidade de coletar seletivamente gases, líquidos ou impurezas no interior de seus poros. “O carvão entra, atrai e absorve toxinas e produtos químicos desagradáveis e os leva para fora do corpo”, detalha Cristiana.

Para detoxificar basta alimentar-se bem

Navarro explica que cabe ao fígado a tarefa de “detoxificar” o organismo. Todos os dias as pessoas têm contato com substâncias tóxicas, seja pela alimentação (como os agrotóxicos), poluição ou outros meios. Essas substâncias, depois que caem no sangue, são direcionadas ao fígado, órgão responsável por reconhecer que elas são nocivas e inativar as toxinas, fazendo com que elas sejam eliminadas no suor, urina ou fezes.

Mas o fígado só consegue exercer sua profissão se tiver o apoio principalmente dos compostos sulfídricos presentes em vegetais verde escuros (couve, espinafre, brócolis, entre outros), cebola, alho e cogumelos comestíveis. Logo, quem não come bem atrapalha seu próprio fígado.

Comer bem, portanto, já é ter uma dieta detox. Bem diferente de como são popularmente conhecidas as tais dietas detox, que pregam restrições alimentares mais severas e que podem trazer prejuízos sérios se realizadas por períodos longos. “A escolha adequada, a variedade e o equilíbrio do consumo dos alimentos aliado à atividade física pode levar à prevenção de doenças, manutenção da saúde e qualidade de vida”, resume Cristina. Simples assim.



Fonte: Mídia News

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